após dois textos publicados e diversas ideias de conteúdo, percebi que não consigo colocar nada em prática. consegui seguidores muito rápido para duas publicações apenas, e isso causou uma certa cobrança – vinda de mim mesma. então, depois de muita reflexão, decidi colocar isso para fora, pois é algo recorrente em diversas áreas da minha vida.
vocês já sentiram como, mesmo fazendo seu melhor, você nunca é o suficiente? (obviamente, sim).
conversando com algumas pessoas próximas, comentei sobre essa sensação, e eles me disseram que sempre admiram o que faço. quer dizer que essa cobrança vem de dentro de mim? que ninguém está esperando nada além do que eu já sou?
talvez seja exatamente isso.
é estranho pensar assim. passamos tanto tempo tentando atender expectativas que nem sabemos ao certo de onde vieram. achamos que precisamos ser impecáveis no trabalho, na vida pessoal, nos relacionamentos, no jeito de nos vestir, nas decisões que tomamos. e, mesmo quando conquistamos algo, vem aquela voz: dá para fazer melhor.
a comparação se infiltra em tudo e eu não aguento mais. olho para os lados e vejo pessoas que parecem ter tudo resolvido – carreiras de sucesso, relacionamentos estáveis, uma rotina organizada. enquanto isso, estou aqui, tentando descobrir qual é o próximo passo sem ter certeza de nada. a sensação de estar sempre atrás, de que o tempo está passando rápido demais, de que preciso me apressar para alcançar algo que nem sei definir.
mas alcançar o quê? é como se houvesse uma régua invisível para medir nossa vida. uma régua que não fomos nós que criamos, mas que seguimos como se fosse absoluta. precisamos estar produtivos, felizes, alinhados com as tendências, bem resolvidos. e, se não estamos, a culpa recai sobre nós.
o problema é que essa régua não leva em conta cada trajetória. ela não considera as pausas necessárias, os momentos de dúvida, o crescimento. nos ensinam que o sucesso tem um formato único, mas será que realmente tem? o que funciona para uma pessoa pode não fazer sentido para outra, e tudo bem. ainda assim, essa imposição persiste, nos fazendo sentir que estamos errando por não seguir o ritmo de um mundo acelerado.
com certeza a vida perfeita das redes sociais tem tudo a ver com isso, infelizmente não posso simplesmente me desvincular, pois necessito delas em vários âmbitos, porém, percebo que devo começar a ter mais cuidado e filtrar o conteúdo que consumo.
esses dias, me peguei assistindo vídeos de “como ser mais criativa”, “como organizar melhor a rotina”, “como vencer a procrastinação”, “como encontrar sua paixão”. todos prometem a solução para essa sensação de estar atrasada, de que falta alguma coisa para me tornar quem eu deveria ser. mas, no fundo, talvez a grande questão seja que não estou atrasada. o que me faz sentir assim é essa pressão invisível, essa comparação silenciosa com os outros, essa ideia de que há um caminho ideal que deveria estar seguindo.
essa comparação constante não mata só a criatividade – ela mata o prazer da vida. mata a leveza de apenas ser, sem precisar justificar nossa existência com resultados. mata a espontaneidade de tentar algo novo sem medo de errar. mata a alegria de reconhecer nossas próprias conquistas, mesmo que pareçam pequenas perto das dos outros.
e se, ao invés de tentar alcançar, eu simplesmente existisse? e se eu desse um passo para trás e parasse de me medir por padrões que não foram feitos para mim? e se, pela primeira vez em muito tempo, eu decidisse que sou suficiente, exatamente como sou agora?
ultimamente, tenho tentado fazer um trabalho mental profundo, de me entender, acolher minhas imperfeições e aceitar minha autenticidade sem precisar de validação externa. mas não é algo fácil. depois de anos moldando minha identidade com base em expectativas alheias, permitir-me simplesmente existir, sem a necessidade de provar meu valor a todo momento, parece um desafio quase impossível. ainda assim, talvez essa seja a verdadeira revolução: não ser a melhor, não ser a mais produtiva, não ser a mais admirada. mas apenas ser, com tudo o que sou – meus acertos, minhas falhas, minhas pausas, minha essência. aceitar que isso basta.
obrigada por ler até aqui!
acredito que alguns dos filmes e séries que mais gosto são perfeitos para essa reflexão, são eles:
frances ha
fleabag
lady bird
Me identifiquei tanto!
Amiga, é sobre isso! Me senti da mesma forma, mas vou fazer esse ano ser diferente e vc tb vaii!! A perfeição não existe! Precisamso apenas ter a coragem de sermos nós mesmas 🩵✨